quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Ela é a vida..

Parece que os posts estão cada vez mais distantes um do outro. Isso é falta de tempo.
Jamais falta de ideias, de sentimentos. Cada dia que passo aqui é resultado de ideias e sentimentos novos, inexplicáveis.
Mesmo assim, estou sempre tentando explicá-los aqui, para vocês.
Pela primeira vez eu vi neve. É, é novembro e aqui já está nevando. E o mais estranho disso tudo é que Nanaimo é uma das regiões mais amenas do Canadá. Andam dizendo por aqui que estamos passando pelos tempos mais frios da cidade. De manhãzinha e a noite está -10° ou -11°. O mais frio que eu já tinha pegado era 10° provavelmente, em São Paulo.
É engraçado, porque quando você nunca viu neve fica ansioso para vê-la, senti-la. E aí, quando você vê, você sente, você só pensa que está vendo e sentindo a vida, a natureza. A ‘mãe natureza’ vem e fala que ela manda, ela escolhe, ela rege a vida, ela é a vida. E aí você fica olhando e admirando, se integrando. Deita e rola nela. Come. Cospe se for neve mijada.. ops, amarela.
Depois disso tudo começa a sentir seus dedinhos do pé congelando. Em seguida, nem sente mais, de tão frio, tão gelado. Começa a visualizar um chocolate quente, começa a desejar um chocolate quente. E de repente você quer estar em casa, embaixo do seu cobertor. E é isso que você faz depois de tomar um belo e longo banho.
O fim de semana foi passando sem grandes novidades, sem grandes festas. Tudo branco, tudo frio. Expectativas? Sim, muitas. Principalmente relativas a não ter aula na segunda-feira. Não procede. Segunda-feira, frio, muito frio. Eu na escola, na aula de matemática, não fazendo exercícios para uma prova de terça (na qual eu fui bem Papi, no worries, apesar de estar mais distraída do que tudo), olhando pela janela a neve caindo caindo caindo. Meus olhos acompanharam-na, caindo caindo caindo.
A preguiça tomou conta de mim por um tempo. Um longo tempo. Dias talvez. O frio parecia ter congelado meus membros.
Hoje, incrivelmente, descongelou. Apesar de continuar muito frio.
Tomei um chocolate quente e comi um muffin com a Gabi. Conversamos, a conversa rendeu. E depois de tanto ouvir e falar eu descobri mais uma coisa sobre a vida, sobre eu mesma. Descobri que amo me descobrir, que amo descobrir a vida. E que a verdade é que nunca vou conhecer nenhum dos dois (eu ou a vida) por inteiro, nunca vou entendê-los completamente. Mas, sempre vou amá-los, vou pesquisar intensamente por entre eles e não vou largá-los.
Mesmo porque, eles são os meus motivos, as minhas razões.
Eu sou a minha razão.
A vida é o meu motivo.
Motivo por estar aqui. Motivo por ter vocês aí.

Neve, neve, neve..


Foto do livro do ano da Dover Bay


Minha pequena..


Capilano Suspension Bridge - Vancouver


Sempre viva dentro de mim


XOXO

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Remembrance Day

Onze do onze. Estamos no Remembrance Day do Canadá. É um feriado (AE) que não tem emenda (AH!) e que é em memória de todos os canadenses que morreram em guerras.
Ontem teve uma cerimônia na escola sobre isso e tudo o mais. Foi chato, toda cerimônia é chata só por ser cerimônia. E ainda foi do tipo formal. Mas, tanto faz.
O que importa é que parei para pensar nisso. Em um dia para a memória de alguém, ou alguéns.
Não ia deixar meu dia em memória aos canadenses.
Não por desprezá-los, mas por prezar outras pessoas, que estão vivas, mas ainda assim parecem estar mortas na nossa memória. Elas deveriam estar mais vivas do que tudo.
Quando você mora no Canadá (mesmo que por pouco tempo) entra em uma outra realidade, onde tudo é perfeito, onde todo mundo é feliz e só existe paz. A verdade é que muita dessa perfeição ou da felicidade ou da paz não é real. Muitos apenas aparentam. Mas, isso não vem ao caso.
O que vem ao caso, é que onde moro, por exemplo, você não consegue fugir da realidade. Não adianta tentar fechar os olhos para a violência, ou para a desigualdade, porque ela vem até você, ela te atinge e te chacoalha, até você acordar. Aqui, é muito fácil dormir. É praticamente involuntário.
E aí chega esse dia, onde você lembra de alguém.
Eu lembrei de quem nunca é lembrado, nunca é enxergado e muitas vezes nunca foi amado.
Eu lembrei da desigualdade do mundo, eu lembrei que enquanto uns têm muito outros têm pouco.
Eu também lembrei que nunca saberei o que fazer nesse mundo.
Eu quero viver. Eu vivo cada segundinho aqui, cada céu, cada brisa, cada pássaro. Eu vivo a natureza, eu vivo tudo.
Só que também lembro que tem gente que não vive, que não come, mas que mesmo assim está vivo.
E me pergunto, como posso viver assim? É complicado, é difícil. Além de lembrar, ao invés de fazer uma cerimônia, vou pensar como posso agir. E eu vou. Vou agir e vou viver. Nem só um, nem só outro. Os dois. Tudo.

Voltando aos meus dias. À minha viagem. À minha vida (que não deixa de estar conectada com a dos meus memorandos). Talvez na verdade, esses meus dias sejam apenas etapas, apenas dias de aprendizado, para o dia em que eu realmente me conectar com os memorandos. Pode ser.
Enfim, nada de muito empolgante nessa semana. Mas, por alguma razão estou muito feliz. Não sei ao certo qual razão. Nenhum fato muito especial aconteceu. Acho que está acontecendo. Desde que vim pra cá.
É, acho que é isso.
Cada vez que paro para pensar tudo que estou passando aqui, tudo que estou crescendo, tudo que estou conhecendo... Eu fico muito feliz! Muito bem, muito orgulhosa e muito grata.
Grata à vida, ao universo, ao Deus (quem sabe até Abraxá).
O único episódio dessa semana que vou relatar é um jogo que hockey. Eu amei. Primeiro de tudo, eu ganhei o ingresso de graça e achei isso demais. Falam que várias pessoas ganham, o que é meio desanimador. Mas, para mim não foi. Foi como se o dia estivesse conspirando ao meu favor. Não pelo preço, mas pelo significado.
Estava super animada, era o meu primeiro jogo no Canadá.
Pirei.
Me diverti.
Estou me divertindo.
Sempre, até nas manhãs estressantes do colégio.
Sempre.








PS: As fotos são da úlima semana. Uma do dia do pijama (é, MEU DIA!), uma do jogo e uma do boliche sábado.