domingo, 15 de fevereiro de 2009

Não é só Jesus que ressuscita !

Morreu e ressuscitou. Não estou me referindo à Jesus, mas sim à minha avó paterna. Digo paterna por ser mãe do meu pai. Na realidade acho que esta explicação é um tanto quanto desnecessária quando as pessoas entendem a palavra 'paterna', mas mesmo assim, prefiro explicá-la para garantir que há uma compreensão do meu telespectador. Com toda esta definição acabei por dizer nada da mulher a quem me refiro.
Mãe viúva de 3 filhos. Viúva e espiritualmente morta também, a partir da morte de seu amado e misterioso - pelo menos para mim que não tenho nenhuma informação do tal mesmo sendo sua neta - marido. Nem seu nome eu sei. Mas sei que foi muito importante para minha avó, porque depois dele, como já disse, ela não existia mais.
Os anos se passaram e seus filhos cresceram. Foram deixando a casa aos poucos, porém, deixaram pouco para a casa também. Era apenas ela e as suas paredes. Muitas paredes, pouca mobília, pouco sentimento, pouca presença, pouco tudo. Quando muito, visitava sua irmã - e também vizinha - e sua mãe (que vinha de brinde) ou ia à igreja. Mesmo assim, não via a animação dela em relação à nada. Na realidade, tão pouco existia animação ou qualquer outra forma de sentimento nela.
Mais alguns anos se passaram nesta vida desorientada. Sem rumo, sem chão, sem nada. Anos que custaram a passar, anos que valeram por milenios. Tá legal, acredito que já tenham entendido a boçalidade destes anos passados.
Ela ficou doente, bem doente. Acreditei por algum tempo que iria morrer. Morrer por fora, porque por dentro já estava morta fazia um tempo. Não sei o que foi descoberto, mas sei que até hoje ela faz hemodiálise (será assim que se escreve?) toda semana e que não pode comer doces ou salgados, não pode beber suco, água ou café. A partir deste novo estágio da sua velha vida, não via mais sentido em realmente nada. E eu, mesmo estando por fora de tudo, também não via mais sentido. Aprendi - sei lá com quem - que quando perdemos a razão de ser, ou quando perdemos a liberdade, talvez o que há de melhor para nós mesmo seja a morte. Seja a morte de um estágio ou a morte de tudo. Contudo, o que precisamos nestes momentos são mudanças.
Infelizmente, não foi o que aconteceu com ela (me refiro às mudanças). Continuou apenas na Terra, mas sem viver.
Cada visita que fazia a ela, era mais uma facada no meu coração opaco. As facadas iam até um lugar que nem eu consigo sentir, elas iam à minha alma facilmente. Cada vez que a via, era a maior nostalgia. Estaria eu desprezando a minha avó querida? A minha raíz? Estaria ela pedindo para morrer e ninguém estava a escutando?
Tem sido assim para mim, cada visita que faço à ela, é uma chance da tristeza também vir para me visitar. A pior parte é que esta visita demora muito tempo à passar.

Ontem fui visitá-la novamente, já sem muitas esperanças. Todavia, inacreditavelmente, ela estava melhor. Muito melhor. Ria das minhas piadas sem graça ou de qualquer outra. Assistia à televisão com a mesma empolgação que eu tenho quando assisto as minhas amadas temporadas de Friends. Uma luz nos olhos dela. Uma luz nunca vista antes. Uma luz que entrou pela minha alma, e entrou para ficar. Da mesma forma que a tristeza costumava fazer. Todo este renascimento ocorreu devido à nova enfermeira que a minha velhinha tem. Parece que a mulher leva a ela pelo menos um pouco da alegria que eu nunca levei. Será isso um complexo de culpa que eu tenho ? Talvez.
Mas agora, ela está feliz, ela está viva. E eu também.

Sabe, toda essa história me deu um pouco mais de esperança na vida e no mundo.
Vivemos esperando dias melhores ...


(E a melancolia toma conta do meu blog, próximo post talvez seja sobre os desastres climáticos que eu citei no último.)

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Cara

Ao ler um post do blog da Isa, me lembrei e me dei conta de como uma coisa mudou na minha vida de um tempo para cá.

Estranho pensar como perdemos a conexão com algumas pessoas em tão pouco tempo. Injusto dizer que esta conexão nunca existiu, porque ela existiu e eu sei disso. Há 3 anos sem você não dava. O meu melhor amigo, uma parte de mim. Eu não vivia sem você e não tenho dúvidas disso. Todo e qualquer acontecimento era grande para nós, principalmente se estivéssemos juntos.
Eu entendo que nos conhecemos pelo computador - mesmo sendo da mesma escola - e que em poucas semanas já éramos inseparáveis. Mas eu - sinceramente - não ligava. E não ligaria hoje, se estivessemos iguais.
As pessoas mudam, também sei disso. Todavia, não consigo aceitar a mudança da nossa amizade.
Mesmo que o mundo caia a minha volta - ou a sua - eu estarei sempre aqui para você.
Nossas conversas não são mais as mesmas. E na realidade, elas tão pouco existem. Eu sinto a sua falta, é a única coisa que tenho a dizer.

(Os estragos climáticos tem me matado por dentro. Só não mais do que essa falta que tenho sentido. Próximo post - não tão distante, eu prometo -: se preparem porque vem mais tristezas. Me desculpem, mas é o que há dentro de mim e não vejo condições de expor para o mundo, se não for por aqui. )

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Dias, talvez muito mais do que isso.

Sei que não costumo falar sobre os meus dias, pelo menos não o faço diretamente. Acredito que seja tão desprezível contar sua rotina, quando você pode escrever sobre tudo, sem nenhuma restrição. Todavia, hoje contarei um pouco - só um pouco - destes meus últimos dias. Com toda a certeza, mostrarei a magia deles e é aí que vou me aprofundar, como de costume.
Fui ao Solo Sagrado. Tem este nome pois foi feito com o objetivo de trazer o paraíso para a Terra. E eu posso afirmar que trouxe. É um oásis. É a perfeição. Ao entrar no imenso espaço tingido das cores mais belas através de flores, passáros e árvores, te percorre um calafrio. Pelo menos à mim, percorreu. E este calafrio se estendeu até o ultimo minuto em que eu me encontrava lá. Seu ar, seu chão, sua represa - todo o clima se acabou com a palavra represa, mesmo porque, não a considero uma palavra pomposa e profunda, trocarei-a então por: água -, sua água. É tudo místico, espiritual. Não sou católica, nem meticista (será assim que eles são chamados? enfim), nem espíta. Sou um pouco de tudo e um pouco de nada. Acredito em uma força que se econtra na alma de cada um que a Terra habita. Acredito nesta força sobrenatural. E lá sim eu a encontrei. Estava tão perto e tão dentro de mim ao mesmo tempo. Estava tão pura, tão divina.
Toda esta divindade me acompanhou no caminho de volta. Aliás, não estávamos voltando. Estávamos indo. Íamos à um orfanato. A estrada estava perfeita. Até o momento em que começou a chover. Toda a perfeição se foi e acredito que só poderia ser encontrada novamente se a chuvarada toda que caiu estivesse sendo vista por mim diante da minha casa, da minha cama. Seguimos o caminho bravamente. A chuva se foi, e como todo fim é um novo começo, outro elemento da natureza veio nos visitar. Um arco-íris se estendia ao céu, muito perto de nós no momento - mesmo porque, estávamos em um local bem próximo ao final de tudo, também conhecido como lugar distante de Parelheiros. Decidimos até acreditar que estávamos passando por baixo dele e quando paro para pensar, vejo nisso uma verdade.
Chegamos no orfanato. Conhecemos as crianças mais puras, mais belas que já vi. Ali também estava aquela força sobrenatural. A força estava dentro de seus olhos, dentro de suas almas. Era possível enxergar todo o agradecimento que elas tinham para nos dar. Estavamos visitando-as e doando roupas para elas. A parte da doação, não lhes chamou tanta atenção. Penso que elas estavam agradecidas por estarmos interessadas em suas vidas e suas história. Em suas emoções. Em seus progressos. E eu sei que elas progrediram muito.
Este orfanato que visitei é uma ONG auto sustentável. É lindo o trabalho deles. Vou até fazer um projeto com algumas pessoas para irmos levar à eles a arte que mora dentro da gente. Tudo isso me tocou o coração e espero que também tenha tocado o seu.

Caso alguém esteja interessado, a ONG que visitei é: http://www.larnossasenhoraaparecida.com.br/