sábado, 24 de janeiro de 2009

Viajando - Grand Mistral

18.01.09
Estranho pensar que repentinamente, passados apenas 30 minutos eu já perdi toda a possível conexão que tenho com todos que a Terra habitam. Enfim, não compartilho mais a (T)terra com eles. Compartilho agora um oceano infinito com cerca de mil pessoas.
Pessoas que nunca vi.
Antes de começar a navegar uma componente da - triste e um tanto quanto incompetente - tripulação do cruzeiro jorrava lágrimas, estava falando no telefone com um - provável, apenas uma suposição - parente. Ela embarcaria em um navio triste, cheio de dor e saudade, isso eu sei.
Mias tarde, vi uma mulher que mais parecia uma árvore de natal. Aquele seu batom vermelho em uma boca perfeitamente desenhada me impressionou muito. Só não mais que o seu companheiro. O sujeito vestia uma camiseta escrita "Jesus Cristo" em letras grandes, nítidas e douradas. Sim, douradas. Mas que casal era aquele? Um casamento de conveniência, fato. Pensei isso até me sentar com eles no jantar - mesas já estipuladas. Não era um casamento de conveniência e o amor deles também não era conveniente. Um cordeiro de Jesus com uma pecadora - sim, tenho informações suficientes para o afirmar. Eles embarcaram em um navio confuso e ambíguo.
Eu? Com a roupa que durmo passeio por um cruzeiro chique buscando palavras e inspiração por toda a parte. Mas depois de rodar o navio inteiro me dou conta que o céu estrelado envolvido no oceano é a minha maior inspiração. Eu embarco em um navio cheio de sonhos e magia. Enfim, há coisa mais mágica do que estar rodeada das forças da natureza?

19.01.09
E se eu disser que estou há mais de dez minutos sentada, me olhando no espelho e me questionando sobre o que posso escrever? Não acredito que eu seja uma boa escritora de cartas de amor ou de qualquer outro gênero que seja relacionado à contar meus sentimentos para alguém - sentimentos bons, principalmente. Todavia, vou fazê-lo, mesmo porque foi a única idéia que tive. Normalmente idéias não me faltam, então se tive apenas uma, deve ser um sinal.
Percorro meus olhos pela população do cruzeiro buscando alguém interessante - se é que me entende. Olhos grandes, solitários e verdes encontraram os meus. Olhos nunca olhados antes. Olhos que eu sei que olham quem eu realmente sou e não o que tenho.
Os olhos mais lindos que já vi eram aqueles. Não pura e simplesmente por serem verdes. E sim por serem profundos e sensíveis.
A partir deste momento só via estes olhos. O que mostra que minha imaginação é realmente rebuscada, estaria eu colocando aqueles olhos em qualquer corpo perdido que encontrasse? Não, era real. No restaurante, no corredor, na piscina e no restaurante novamente, eles estavam em todo lugar. Eu sei que ainda vou vê-los bem de perto, ah eu sei !

(23.01.09 - Toda magia se foi. Não encontro mais nada naqueles olhos. Para mim, eles são agora como qualquer outro par de olhos. Par de olhos? Que estranho falar isso, enfim.)

21.01.09
Ao som de ruídos - que as pessoas insistem em chamar de música - estava eu sentada em uma cadeirinha vermelha de frente para o mar. E de frente também para uma grande parcela da população que se encontra na famosa praia de Porto Seguro. A poluição sonora e a perfeição visual me confudiam a mente, de forma que nem eu mesma sabia se havia encontrado a minha paz interna. Provavelmente não o tinha.
Todavia, surgiu um casal de crianças indígenas vendendo brincos e colares. Eu pedi para que chegassem mais perto, não por estar interessada. Chamei-lhes devido ao interesse que tive por aqueles indiozinhos. Me aperta o coração ver crianças trabalhando. Enfim, trabalho infantil não é crime?
Acredito eu que a sociedade fecha os olhos para a realidade, buscando ver o que há de melhor na vida (o que no conceito popular significa bunda e cerveja).
Enquanto eu tomava um rumo catastrófico diante a cena, minha mãe conversava com as crianças. A menina, séria, respondia tudo o que lhe era perguntado. Cumprindo apenas o seu cargo de vendedora. Já o menino ... ah, ele não era assim. Toda hora que o via estava sorrindo. Ou mais, dando grandes e expressivas gargalhadas. A felicidade dele vinha de sua alma. A gente sabe quando vem. Ele sim vive o melhor da vida, tira dela uma essência que poucos tiram. Naquele momento eu tirei essência semelhante da minha vida. Eu adquiri a minha paz interna.
O riso é contagiante !

23.01.09
Acabou. Não que eu não tenha gostado, mas a falta que sinto da minha casa é com certeza muito maior do que a tristeza que sinto ao deixar o meu - só meu, eu ressalto - oceano.
Conheci diferentes pessoas, visões de mundo e histórias. Nestas eu busquei bravamente encontrar esperança, mas não foi exatamente o que aconteceu. Na realidade até me deprimi um pouco.
Todavia, encontrei uma pessoa conhecida e me surpreendi com a sua personalidade e com as suas idéias. Engraçado como às vezes nos julgamos cientes da vida e da personalidade de alguém que mal conhecemos. Ele me surpreendeu. E pra melhor.
Apesar de todos estes encontros e desencontros, tive um tempo para ficar sozinha. Um tempo para me encontrar. O sol que se infiltrava em minha pele dourando-a, dourou também minhas memórias e minhas idéias. Tudo passa a ter um brilho maior quando o sol está lá, iluminando tudo e todos.

Acaba aqui a minha iluminada viagem.

PS: Eu sei que o post está imenso, desculpem-me, mas não deu para postar de lá. U$ 15,00 a hora, não dava :D

10 comentários:

Felipe disse...

vc comeca a le um blog e ve que sua amiga escreve mto bem! ai vc pensa n da pra melhora, mas vc comeca a le sempre e vc ve q cd vez ta melhor!!ca ta mto bom!!!
bunda e cerveja
O riso é contagiante !
olha essas expresoes(ou frases sei la)mto bom!!
e parece q a viagem foi boa!!
hahahahha
te amo

Anônimo disse...

porra, 15 reais a hora?? que roubo

se bem que, uma vez eu paguei um dólar por cinco minutos de internet .. isso proporcionalmente talvez dê mais, já que o dólar tava em alta, mas tô com preguiça de pensar.

sabe, lendo isso tudo que você disse da viagem .. me deu vontade de experimentar. ir sozinha, num cruzeiro, observar pessoas .. se eu encontrar criancinhas indigenas será somente bonus =D

espero que tenha valido a pena

abraços :D

Lilica disse...

Menina tenho sonho de fazer um cruzeiro! E no final das contas, vc curtiu????
Beijão

@Gioozera disse...

Se sintir em casa em qualquer lugar seria otimo
mais somos turistas em TODOS

Marília Gehrke disse...

Viagens (no sentido literal do palavra ou viagens sem sair do lugar) são ótimas. São ótimas porque fazem a gente analisar tudo de uma forma diferente, perceber coisas que normalmente não percebemos e, como tu disse, encontrar a nós mesmos.
A tua, pelo jeito, foi transformada por um sorriso ;D

Milena Shoji disse...

Wow, que história!
Um cruzeiro de olhos verdes, oceanos intermináveis, indiozinhos trabalhadores..
Adorei o seu blog!
ah, e eu fiz o outro blog sim, agora vamos ver se eu dou conta dos dois!

beeijo.

Unknown disse...

Oii,tem selinho pra você no meu blog. Bejos

Marcela disse...

oiee!
acheei teuu blog, li e goostei!
parabéns!
te dexei um selo no meu blog!

beeiiijoos!

Anônimo disse...

selos pra você lá no exist =)

Youko Watanabe disse...

Oie. Ja tinh passado aqui pra ler, mas no bendito dia os coments davam erro. Achei teus pensamentos variantes, assim como esse mar que te cercava.. bom é se encontrar assim, nesse momento meio só...

beeijos, ah, tem selinho pra vc no meu blog, ok? beeeijos de novo